Essa revista aqui fala muita coisa sobre inovação.
O ruim é que é cara.
O bom é que tem conteúdo na internet.
O ruim é que tem que cadastrar.
Mas grande parte do conteúdo é de graça e, como já disse, muita coisa boa.
Aqui vão algumas dicas:
“O grande equívoco da inovação” fala que não adianta ficar obcecado em fazer inovação, descobrir alguma coisa totalmente nova. É preciso saber o que se quer descobrir. Para nau sem rumo, não há vento que ajude!
“O que realmente importa não é a engenhosidade da invenção, a alta tecnologia empregada, mas a pertinência de sua aplicação para dar a solução perfeita desejada pelo comprador.”
Essa outra é uma entrevista com o Jim Collins, autor do livro “Build to Last: Successful Habits of Visionary Companies” (não li, mas pela entrevista é um bom livro para colocar no wish list do amazon – fica para o dia que eu abrir uma empresa)
Aqui vão fragmentos da entrevista. A mensagem é clara: nem sempre a empresa que inova é a empresa que vence! Quem copia de forma mais eficiente e barata se dá bem!
“Em anos recentes, o conceito de inovação vem ocupando um lugar preponderante entre os ideólogos do management e dos negócios. No entanto, não é mencionado em seus livros. O sr. também não o menciona na sua palestra. De fato, no seu livro, o senhor afirma, não sem certa satisfação, que nenhuma das grandes empresas dos últimos anos foi pioneira em tecnologia.
É que a inovação não desempenha um papel importante para que uma empresa se destaque!
Esse tipo de afirmação não vai lhe dar muita popularidade entre os leitores da Wired.
Não, claro que não. Mas,… ensine-me a evidência! Gerard Tellis e Peter Golder escreveram um livro fascinante chamado Will and vision: how latecomers grow to dominate markets. No livro estudam dezenas e dezenas de casos de várias áreas industriais e de mercado; em todos eles a conclusão é a mesma. Quase nunca a empresa que inovou ou inventou um produto se tornou a empresa dominante do mercado. É uma linda peça de pesquisa que demonstra que a inovação raramente vence. Agora, não quero que você coloque na reportagem: “‘A inovação é má’, afirma Jim Collins.” Não me cite dizendo isto. Meu coração está com os inovadores, mas quase nunca são as empresas vencedoras. A única exceção na que posso pensar é o caso da Intel e o microprocessador.
Um caso paradigmático nesse sentido poderia ser o da Apple e da Microsoft.
Exato! Sou um admirador de ambos personagens, tanto de Steve Jobs como de Bill Gates, mas é claro que Apple foi a inovadora. Nos anos 80, a Microsoft copiou tudo da Apple e, no entanto, desde 1986 a Microsoft superou a Apple em termos quase exponenciais. Levemos o debate para outras áreas. PSA e Southwest. Quem foi a inovadora das companhias aéreas, quem foi que inventou novos modelos? PSA. Quem domina hoje o mercado? A Southwest. Quem inventou a indústria bio-tecnológica? Genentech. E hoje quase todas as empresas do setor a superam.
Agora, o pior do caso é que com o passar do tempo o inovador não fica apenas atrás, mas também perde o crédito de suas descobertas. O caso da Southwest é muito demonstrativo. A maioria das pessoas acredita que a Southwest revolucionou o modelo das companhias aéreas, mas se você pesquisar o setor, você vai descobrir que a Southwest não apenas copiou, mas também copiou modelos que eram cópias de outros modelos.
O mesmo acontece com a tecnologia. Muitas pessoas acreditam que a AOL era uma empresa inovadora, mas foi a quarta empresa que entrava no jogo on-line nos anos 90. Inclusive com a Apple passa algo similar. Se bem Jobs é um inovador genuíno, não podemos esquecer que copiou muito de outros modelos, como o da Xerox. É que o caso da Apple é mais um caso de triunfo cultural. Jobs retorna e retorna. Duvido que a Apple chegue a superar a Microsoft, mas o fato de que você anda pela rua e veja as pessoas com seus iPod, ou de ver os filmes da Pixar nos primeiros lugares, fala muito bem de Steve Jobs como personagem cultural. Mas isso não significa que ele vai ganhar no terreno empresarial. Estrategicamente, inclusive, poderia se argumentar que é nocivo inovar demais.
Retomemos o caso da Intel, que é uma raridade, pois o inovador venceu. Lembro de uma entrevista onde perguntaram para Andy Grove qual seria a “próxima grande coisa”, qual seria a próxima tendência que ia revolucionar o mundo, e ele respondeu:
“Essa é uma forma muito perigosa de pensar”. E respondeu isso porque ele sabe que quando o microprocessador deixar de ser “a grande coisa”, então surgirá uma margem de estratégia na qual a Intel pode deixar de ser líder, porque não vai importar tanto se é a Intel quem conceber a inovação ou não. Sempre haverá alguém que copie o modelo de uma forma mais barata e com maior rendimento E é o curioso o caso da Intel, porque não falamos de outras coisa que não seja o microprocessador desde finais da década dos 70.
Sim, certamente. Deve de falar algo assim como “o Windows não apenas é a grande coisa, também é a coisa verdadeiramente grande”. Para que construir outra? Não seria sábio em termos estratégicos. Ser inovador demais poder ser um passivo. E eu adoro a inovação, adoro o que é novo, mas essa é a realidade.
Tanto o artigo como a entrevista vão na contramão do senso comum, dizendo que, pera lá, esse modismo de inovação também não é isso de que falam! Primeiro, não basta sair querendo inovar que nem doido. É preciso planejamenteo. Segundo, quem inova sai na frente mas se não tiver gestão, competitividade e eficiência, rapidamente vem um concorrente e faz a mesma coisa, só que melhor.
A HSM vai para a sessão de links. Recomendo quem se interessa pelo assunto e acompanha esse blog a se cadastrar. Muitas outras dicas legais virão.
PS: Desculpa pelo festival de fontes e tamanhos desse post. Foi incompetência tecnológica minha mesmo!